Gestão Financeira

Entenda o que é Demonstrativo de Resultados do Exercício

12 min de leitura | 05 de junho 2018

As obrigações e análises financeiras e contábeis que precisam ser executadas e acompanhadas para garantir o sucesso do negócio, além de evitar problemas com o fisco, são diversas. Uma delas é o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE), que auxilia na tomada de decisão e na elaboração de um planejamento estratégico mais eficaz.

Podemos dizer que acompanhar e estruturar esse demonstrativo não é uma tarefa complicada, porém, muitos empresários têm dúvidas sobre esse assunto. É claro que quanto mais bem elaborado for o demonstrativo, melhor será a aplicação desse documento na gestão de uma empresa e, consequentemente, haverá maiores chances de crescimento do negócio.

No artigo de hoje, nós vamos falar mais sobre o DRE, explicando o conceito, as informações que ele deve apresentar e suas possíveis interpretações. Continue acompanhando a leitura e saiba mais!

O que é o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE)

A Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) é uma demonstração financeira que indica, em síntese, as operações financeiras realizadas pela empresa em um período específico, que geralmente é de um ano. A Lei 11.638/2007 tornou obrigatória a elaboração dessa declaração anual.

Vale ressaltar que a Demonstração de Resultados do Exercício faz parte dos registros contábeis anuais de um negócio, utilizados para demonstrar o lucro ou prejuízo da empresa durante esse período, antes e depois dos impostos.

Para a elaboração deste documento, devem ser levados em conta apenas os resultados da empresa no ano corrente, sem considerar lucros e prejuízos de períodos anteriores, mesmo que acumulados. A DRE também deve ser elaborada de acordo com o regime de competência, de modo que as receitas e despesas sejam registradas no período em que ocorreram, e não apenas quando foram recebidas ou pagas.

 

Quais os principais objetivos do DRE?

O principal objetivo do DRE é comprovar os resultados de uma empresa. Na prática, esse demonstrativo apresenta outros objetivos, como avaliação do regime tributário, comparação de períodos, mensuração do potencial de geração de resultados, cálculo do ponto de equilíbrio, entre outros.

 

Avaliação do regime tributário

O demonstrativo apresenta os resultados da empresa referentes a um ano, antes e depois da aplicação dos tributos. Isso permite avaliar se os impostos sob o regime tributário que abrange a empresa são os mais baixos possíveis.

A DRE, juntamente com as informações financeiras e contábeis, possibilitará a reprodução de qual seria o resultado financeiro real caso fosse utilizado outro regime tributário. Em alguns casos, a comparação pode ser surpreendente!

 

Comparação de períodos

Além de comparar o regime tributário, será possível comparar diferentes períodos, buscando identificar variações no lucro bruto e no lucro líquido, além de acompanhar a evolução de despesas, impostos e outros itens durante períodos mais curtos.

 

Mensuração do potencial de geração de resultados

O lucro da empresa é muito mais importante do que sua receita, pois representa o potencial de aumento de seus ativos, o que permite que a empresa invista em expansão e crescimento. Portanto, se o DRE anual é positivo e adequado para o mercado do seu negócio, pode-se dizer que o planejamento e a gestão financeira foram realizados com sucesso.

Ou seja, a empresa só precisará continuar em seu caminho, buscando potencializar seus pontos fortes e melhorar seus pontos fracos. Fantástico, não é?

 

Cálculo do ponto de equilíbrio

Também conhecido como break even, o ponto de equilíbrio nada mais é do que quanto a empresa deve gerar em vendas para não apresentar nenhum lucro, ou seja, cobrir todos os gatos. Evidentemente, a partir desse ponto, ocorrerá o chamado lucro líquido.

Esse cálculo é crucial para identificar as obrigações que a empresa tem e o tempo necessário para cumpri-las. Quanto mais rápido esse nível for atingido, maior será o lucro. O DRE é uma excelente ferramenta para realizar esse cálculo, pois considera informações como receita, despesas, lucro bruto e resultado líquido do negócio.

 

Quais dados devem estar contidos no relatório?

Como demonstrado, o relatório deve conter uma gama completa de informações financeiras. Algumas dessas informações devem estar devidamente especificadas, como:

  • receita bruta: faturamento obtido com a venda de bens e serviços;
  • deduções: custos envolvidos nas operações;
  • receita operacional líquida: resultado da diferença entre os valores anteriores;
  • custos de venda: custos gerados com a compra ou fabricação de produtos. São divididos em:
  • Custos de Mercadorias Vendidas (CMV);
  • Custos dos Serviços Prestados (CSP);
  • Custos de Produtos Vendidos (CPV);
  • resultado operacional bruto: receita operacional líquida deduzida dos custos;
  • despesas operacionais: gastos necessários para manter a empresa funcionando (energia, água, aluguel, entre outros);
  • despesas financeiras líquidas: gastos de operações financeiras e serviços bancários (juros, multas, variações monetárias);
  • outras receitas e despesas;
  • resultado operacional: resultado operacional bruto, deduzido das despesas operacionais, das financeiras líquidas e das outras receitas e despesas informadas;
  • lucro líquido: resultado operacional subtraído do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
  • participações: participação dos sócios, debêntures e partes beneficiárias;
  • resultado líquido do exercício: lucro líquido, retirando-se as participações.

O resultado líquido do exercício é a informação sobre o retorno que a empresa teve no período, depois de aplicar todas as deduções sobre a receita de vendas.

Como o DRE deve ser interpretado?

Existem diversas avaliações que podem ser feitas por meio do DRE. Veja algumas:

Variação de receitas

As variações na receita podem gerar impacto no médio e longo prazo, já que o DRE é feito no regime de competências. Sendo assim, quando elas forem positivas, é preciso olhar para as taxas de inadimplência e políticas de parcelamento, por exemplo. No caso de variação negativa, o foco deve estar na redução de custos, evitando prejuízos e melhorando a disponibilidade de caixa.

 

Margem de contribuição

A margem de contribuição é o que sobra da receita depois de retirar todas as despesas. Se for negativa, é sinal de que os custos operacionais estão elevados e devem ser reduzidos. Isso também pode indicar a necessidade de precificar melhor seus produtos e serviços.

 

Lucratividade

Os custos elevados podem impactar os lucros da empresa, gerando prejuízo. Porém, mesmo com um desempenho positivo, vale lembrar que eles interferem diretamente na lucratividade do negócio. Por isso, é sempre importante fazer uma avaliação mensal e entender como otimizar as operações.

Como podemos ver, o DRE traz diversas informações para os gestores, que podem avaliar suas operações e tomar as ações necessárias para aprimorar os resultados.

Mas não esqueça: avaliar o Demonstrativo de Resultados do Exercício isoladamente pode ser um erro! O ideal é também acompanhar o fluxo de caixa, as contas a pagar e receber e a necessidade do capital de giro. Assim, o cenário fica mais claro e mais completo, levando a decisões mais acertadas.

 

Como analisar o DRE?

Pode-se dizer que existem duas principais maneiras de analisar o relatório: análise horizontal e análise vertical. Nenhuma dessas alternativas exige qualquer tipo de especialização em contabilidade ou finanças, sendo relativamente fáceis de ser realizadas, pois se baseiam em cálculos simples e percentuais.

 

Análise horizontal

A análise horizontal tem como objetivo comparar relatórios de diferentes anos, buscando identificar a evolução da empresa em termos percentuais. Para realizar esse tipo de análise, os laudos escolhidos devem ser colocados lado a lado, preferencialmente na mesma tela ou folha impressa.

Isso permite preencher os percentuais ao lado dos números. Por exemplo, imagine uma empresa que gerou um faturamento de R$ 825 mil e um lucro de R$ 000,172 mil em um determinado ano. No entanto, três anos antes, o faturamento era de R$ 500 mil e o lucro de R$ 750 mil.

Com base nessas informações, podemos observar que houve um crescimento de 10% no faturamento e de 15% no lucro.

Esse tipo de análise pode ser de grande valia para visualizar o progresso da empresa ao longo dos anos. No exemplo utilizado, é possível destacar que a empresa melhorou seu desempenho ao reduzir seus gastos.

 

Análise vertical

A análise vertical, por sua vez, leva em consideração apenas o exercício da empresa, de forma verticalizada. Então, é necessário calcular a representação das despesas e receitas em porcentagens. Continuando o exemplo utilizado acima, considere que os impostos tenham representado 33% da receita bruta operacional da empresa (R$ 272,25 mil).

Seguindo o mesmo raciocínio, imagine que as vendas tenham sido responsáveis por 36,36% do faturamento (300 mil). Então, para identificar as demais informações relevantes, basta realizar o cálculo percentual desse item sobre o faturamento e registrar o valor ao lado dos números.

Ao finalizar esse processo, será possível identificar as representações de cada item em relação ao faturamento da empresa.

 

Qual a diferença entre DRE e balanço patrimonial?

Essa é uma dúvida muito comum. Vamos deixar claro que o balanço patrimonial representa a situação patrimonial e financeira de uma empresa em uma determinada data. Esse documento destaca os ativos, passivos e obrigações da companhia.

O resultado é o patrimônio líquido. No que diz respeito ao patrimônio, podemos afirmar que ele será sempre positivo, pois o passivo deve ser sempre menor que o ativo. Caso contrário, a situação financeira da empresa será grave e ela poderá estar próxima da falência.

Já o Demonstrativo de Resultados do Exercício é usado para relatar a situação.

Um demonstrativo de resultados ruim pode indicar apenas um ano ruim, enquanto o negócio ainda pode ter lucros acumulados com base nos resultados dos anos anteriores.

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